Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Bruno Covas (PSDB), 40, foi reeleito neste domingo (29) prefeito de São Paulo, para o mandato 2021-2024, conforme projeção do Datafolha com base nos votos já contabilizados.

Com 35,46% dos votos apurados, ele tem 60,23%, contra 39,77% de seu adversário no segundo turno, o líder de movimentos de moradia Guilherme Boulos (PSOL).

Neste domingo de manhã, Covas prometeu cumprir o mandato de prefeito até o fim caso fosse eleito. "Quero ser reeleito para entregar o cargo no dia 1º de janeiro de 2025", afirmou.

O tucano, que era vice de João Doria (PSDB), chegou ao cargo em abril de 2018, com a renúncia do então prefeito para concorrer ao governo do estado. Embora os dois ainda sejam aliados, o candidato à reeleição escondeu Doria de sua campanha por causa da alta rejeição a ele na cidade.

Dos quatro prefeitos que tentaram um novo mandato após a lei que permitiu a reeleição, de 1998, só um até hoje havia conseguido o feito, Gilberto Kassab (à época no DEM, hoje no PSD), em 2008. Covas é o segundo a ser reconduzido ao cargo.

Marta Suplicy (então no PT, hoje sem partido), em 2004, e Fernando Haddad (PT), em 2016, saíram derrotados das respectivas campanhas pela reeleição.

Explorando a ideia de que representa segurança e alguma previsibilidade, Covas se vendeu ao longo da campanha como um político habilidoso e gestor eficiente, em contraponto à inexperiência de Boulos, que construiu sua trajetória em movimentos sociais e nunca ocupou cargo público.

Sem marcas de governo, o tucano, neto do ex-prefeito e ex-governador Mário Covas (1930-2001), aproveitou o segundo turno mais curto da história para martelar o discurso de que era o mais preparado para o cargo e que já fez muito pela cidade, mas queria "continuar fazendo mais".

Ele conseguiu manter a dianteira conquistada no primeiro turno, do qual saiu com 32% dos votos válidos, ante 20% de Boulos.

Apenas duas semanas separaram os dois turnos, naquele que foi o intervalo mais reduzido da história, em razão da pandemia do novo coronavírus. A crise sanitária da Covid-19 alterou todo o calendário eleitoral e também postergou a votação de outubro, tradicional mês do pleito, para novembro.

Com 15 dias, em vez das três ou até quatro semanas de outras disputas, a campanha de Covas administrou a vantagem, neutralizou o avanço de Boulos sobre fatias do eleitorado e conseguiu se desvencilhar de percalços como as denúncias contra o candidato a vice, Ricardo Nunes (MDB).

O companheiro de chapa se tornou uma pedra no sapato, com as suspeitas que pesam sobre suas relações com creches conveniadas com a prefeitura e o registro de violência doméstica feito em 2011 pela esposa de Nunes, revelado pela Folha.

A jornada de Covas rumo à reeleição foi o tempo todo marcada pela pandemia. Ele próprio contraiu o vírus na pré-campanha, em junho —o que inspirou preocupações pelo fato de que trata um câncer na região do abdome desde outubro de 2019—, mas ficou assintomático e se recuperou rapidamente.

Boulos também foi contaminado, só que em momento mais impróprio, na reta final da campanha. O candidato do PSOL recebeu o diagnóstico positivo na sexta-feira (27), mesmo dia em que ocorreria o debate na TV Globo, tido por seus assessores como uma oportunidade para ele virar o jogo.

As regras para evitar a disseminação da doença alteraram a campanha, mas não tanto quanto se imaginava previamente. A expectativa de que tudo se desenrolaria majoritariamente no ambiente virtual caiu por terra à medida que a disputa apertou. O modelo tradicional foi dando as caras.

No momento em que as internações por Covid voltavam a crescer, no segundo turno, tanto Covas quanto Boulos promoveram atos com aglomerações de militantes e distanciamento inadequado.

Cenas de multidão e empurra-empurra, que já tinham sido vistas na etapa anterior da eleição, ocorreram em caminhadas, encontros com apoiadores e nos atendimentos à imprensa, em entrevistas coletivas improvisadas.

Os dois candidatos, quando questionados, diziam que suas equipes estavam tomando os cuidados necessários, exigindo o uso de máscara, incentivando o distanciamento e oferecendo álcool em gel.

Muitas das agendas de rua não eram divulgadas previamente, para evitar tumultos, e não houve convocações para grandes atos, como em outros anos.

Apesar disso, Covas teve, entre seus compromissos nos últimos dias, caminhadas em vias de grande circulação de pessoas, visitas a bairros de diferentes regiões, almoços em restaurantes, cafés em padarias e participações em celebrações religiosas.

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