FOTO: PRISCILLA BUHR / ACERVO JC IMAGEM

 Os produtores de cana-de-açúcar de Pernambuco estão enfrentando um desequilíbrio no regime de chuvas no início deste ano e prejudicando, principalmente, uma Zona da Mata Norte do Estado. Enquanto tem chovido favoravelmente na Mata Sul, a Mata Norte sofre com a seca. De acordo com a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), caso o regime de chuvas não melhore, o prejuízo para os canavieiros pode chegar a R $ 50 milhões.

Em municípios como Carpina e Lagoa de Itaenga, na Mata Norte, o cenário é desolador. Em Carpina, choveu apenas 1,4 mm desde o início de fevereiro, ou seja, quase nada. Com essa seca, os canaviais estão morrendo por falta de água em diversos municípios da região.

Segundo a AFCP, apesar da chuva desta semana e da previsão da Agência Pernambuco de Águas e Clima (Apac) de novas fortes ocorrências, uma Zona da Mata vem de realidades opostas no regime de chuvas. A situação é verificada há meses e já impacta a economia canavieira. Dentro da região, tem área com farto volume de chuvas e outras com seca. O agricultor tem percebido a distribuição pluviométrica desigual ainda mais acentuada neste período, em relação a anos anteriores.

Os agricultores lamentam a situação, temendo impacto negativo na colheita da próxima safra, que começa em setembro. "Já perdi cerca de 50% da minha produção. Não adianta chover mais daqui até setembro, quando a cana morreu literalmente. Não brotou nem mesmo a cana que plantei para esta safra. Está morrendo até que plantei na safra anterior, com apenas um corte ", lamenta Felipe Neri, fornecedor de cana em Lagoa de Itaenga, região considerada o epicentro da seca. A planta da cana tem um ciclo de vida de até seis safras, dependendo dos tratos culturais e da chuva.

O presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, afirma que a situação é generalizada em toda a Mata Norte, tendo algumas cidades mais afetadas que outras. Em Condado e em Glória do Goitá só choveu 1 mm e 2,2 mm este mês, respectivamente, de acordo com o registro da Apac. Além dessas cidades e de Lagoa de Itaenga, os canaviais mais afetados estão em Nazaré da Mata, Paudalho, Feira Nova, Buenos Aires e ainda em uma parte de Aliança e outra de Vicência.

Apesar dessa característica desigual da chuva na Zona da Mata, o que pode encobrir o problema da seca para quem é de outra região do Estado, Andrade Lima garante que o impacto da estiagem nos canaviais desses municípios já é significativo. “Além da elevada mortandade dos pés de cana, sendo preocupante para a economia desses locais, aquelas lavouras que sobreviverem precisam de uma redução do nível de produtividade, mesmo se houver um bom nível pluviométrico daqui por diante", explica.

JC

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