A artesã Maiani Canabarro, de 35 anos, trata diabetes tipo 1 há 20 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Todos seus medicamentos, desde remédios a agulhas, são retirados gratuitamente no centro de distribuições de Porto Alegre (RS), onde mora. Contudo, nas últimas três semanas, ela não encontrou a insulina de ação rápida no local, e precisou recorrer a um grupo de pessoas com a mesma doença no Facebook para conseguir manter o tratamento.

A insulina de ação rápida controla o nível de glicose no sangue e deve ser injetada todos os dias, sempre antes das refeições. Com cada caneta saindo a cerca de R$ 50 nas farmácias, Maiani, que utiliza cerca de quatro unidades por mês, teria um gasto mensal de R$ 200 se seu tratamento não fosse oferecido pelo SUS.

— Nunca precisei comprar porque faço parte de um grupo de diabéticos, então vamos emprestando um para o outro quando não temos. Se eu não conhecesse o grupo, não teria condições financeiras de comprar nem as canetas, nem as agulhas, nem as fitas, afirma.

Perto da capital gaúcha, a professora Haike Schwingel, da cidade de Teutônia (RS), passa por uma situação parecida. Ela precisou comprar as canetas e está há quase um mês sem conseguir a insulina rápida na farmácia do estado.

— O argumento é sempre o mesmo, a farmácia alega que o estado não enviou mais a insulina, que estão aguardando. Já são três semanas assim, conta a professora de 28 anos, que precisa de três canetas e meia de insulina de ação rápida por mês.

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul admite o problema e diz que tem remanejado os estoques para as cidades que mais precisam. Afirma ainda ser competência do Ministério da Saúde a compra dos medicamentos para distribuir aos estados. Procurada, a pasta não se manifestou.

Os casos da artesã e da professora do Rio Grande do Sul, contudo, não são isolados. Há desabastecimento de insulina rápida de pacientes no Ceará, no Acre e em Goiás. Em Anápolis (GO), por exemplo, o pai de Henrique Melo, de 10 anos, tem cobrado a farmácia do estado o medicamento da marca Apidra, a única que seu filho pode tomar.

O Globo

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