Em um feito histórico, forças rebeldes sírias anunciaram neste domingo, 8 de dezembro, a entrada triunfante na capital Damasco, dando um golpe decisivo no regime de Bashar al-Assad. A ação, que acontece após uma ofensiva relâmpago de apenas 10 dias, promete alterar o curso da guerra civil que já perdura por 13 anos. Os primeiros relatos da imprensa internacional falam de intensos tiroteios nas ruas da capital, com rebeldes se reunindo na praça principal, gritando "liberdade", enquanto carros e caminhões de combate percorrem as avenidas de Damasco.

A situação é tensa e parece selar a queda do regime autoritário que tem governado o país por 24 anos. Fontes de agências internacionais indicam que Bashar al-Assad, em fuga, deixou a capital síria em direção a um destino desconhecido, abandonando sua residência e deixando a cidade à mercê da ofensiva rebelde. Em uma reviravolta política, o primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, anunciou que permanecerá em sua casa e manifestou disposição em apoiar a continuidade do governo, apesar da fuga do ditador.

O líder rebelde Ahmed al-Sharaa, por sua vez, afirmou que todas as instituições públicas do país serão supervisionadas por "autoridades transicionais" até serem oficialmente entregues. Com o desmoronamento do regime, um clima de euforia tomou conta dos rebeldes, que celebraram, em pronunciamento à mídia local, a "queda de Assad", além de iniciar a libertação de presos políticos que haviam sido encarcerados durante o regime.

A crise política, agora em um ponto de ruptura, se projeta para além das fronteiras sírias. Hadi al-Bahra, líder da oposição, anunciou que representantes do grupo se reuniriam com representantes de países árabes, europeus e da Organização das Nações Unidas (ONU) para definir os próximos passos no processo político que se inicia. O Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos também está monitorando a situação com atenção, segundo fontes diplomáticas.

Por outro lado, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá o cargo em janeiro de 2025, reafirmou que o país não deve se envolver diretamente nos acontecimentos sírios, deixando claro que as potências internacionais devem evitar uma maior escalada do conflito.

A História de Bashar al-Assad: O Último Herdeiro da Família no Poder

Bashar al-Assad, nascido em 11 de setembro de 1965 em Damasco, foi o sucessor de seu pai, Hafez al-Assad, que governou a Síria com mão de ferro por mais de três décadas. Formado em Medicina e oftalmologia, Assad assumiu o poder após a morte do pai em 2000, sendo eleito presidente por meio de um referendo que lhe conferiu uma aprovação de 97,29%. Em 2007 e 2014, ele renovou seus mandatos por mais sete anos, sempre com uma margem de votos esmagadora, mas em um contexto de crescente repressão e autoritarismo.

A família Assad, pertencente à minoria alauita, uma vertente xiita, tem governado a Síria por mais de cinco décadas, desde que Hafez al-Assad tomou o poder após um golpe de Estado em 1971. Durante os últimos anos, com o apoio de potências como Rússia, Irã e da milícia libanesa Hezbollah, Assad conseguiu manter o controle sobre grande parte do território sírio, apesar da violência e das mortes que marcaram o conflito. A guerra civil, que começou em 2011, já matou mais de 500 mil pessoas e deslocou milhões, deixando o país em ruínas.

O Fim do Regime e as Implicações Regionais

Com a crescente fragilidade do regime de Assad, a Rússia, imersa em sua guerra com a Ucrânia, e o Irã, envolvido no conflito com Israel, estão retirando suas forças da Síria. O Hezbollah, que perdeu importantes comandantes em ataques israelenses, também reduziu sua presença militar no território sírio. Para os analistas, o cenário atual, com essas potências envolvidas em conflitos externos, enfraquece ainda mais o apoio internacional ao regime de Assad, acelerando sua possível queda.

O futuro da Síria é agora um grande ponto de interrogação. Com a luta pela liberdade e um novo governo no horizonte, o país enfrenta o maior momento de transição política desde o início da guerra. O cerco a Damasco e a queda do regime de Assad, portanto, marcam uma virada significativa em um conflito brutal que ainda promete reconfigurar toda a dinâmica política da região.


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