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João Campos e aliados - Miqueias Gomes |
Quem diria, hein? Aqueles que até ontem trocavam farpas agora trocam abraços — e sorrisos em eventos públicos. João Campos (PSB), antes o alvo favorito de Marília Arraes (Solidariedade) e Miguel Coelho (UB), hoje desfila pelas festas juninas como o grande maestro de uma reaproximação que, para muitos, tem mais cara de conveniência política do que de sintonia ideológica.
Em 2022, Miguel Coelho não poupava críticas ao PSB: dizia que o partido tinha empurrado Pernambuco para o topo dos rankings de desemprego, violência e falta d’água. Falava com tom messiânico: “Quero ser governador de Pernambuco para recuperar tudo que o PSB tirou da gente”. Já Marília Arraes, indignada, afirmava que as chuvas que deixaram 128 mortos eram fruto do abandono das gestões socialistas e chamava o PSB de “tragédia anunciada”.
E não esqueçamos que Miguel também mirou em Marília, afirmando que tirá-la da gaveta para substituir o PSB era “trocar seis por meia dúzia”. Pois bem: hoje os três estão na mesma gaveta — ou melhor, no mesmo palanque. Parece que a política pernambucana descobriu que memória curta é aliada mais fiel que qualquer base eleitoral.
No último sábado, a cena foi digna de novela das nove com final feliz (para eles, claro): Miguel Coelho, lado a lado com João Campos, inaugurando vias no bairro dos Torrões. O mesmo Miguel que queria “salvar Pernambuco do PSB” agora rasga elogios ao aliado: “Que Pernambuco possa voltar a crescer, com um grito que vai ecoar”, disse, quase poético.
Mais tarde, João Campos seguiu seu roteiro político-cultural ao lado do ministro Silvio Costa Filho, que, com empolgação, exaltou: “João conta com nosso apoio e o do presidente Lula”. À noite, quem se juntou ao combo foi Marília Arraes, agora circulando alegre pelos polos juninos ao lado do prefeito que outrora simbolizava tudo de errado com Pernambuco.
Afinal, o que mudou? Seria o PSB agora uma fonte de luz, prosperidade e união? Ou será que a proximidade de 2026 anda afinando os discursos e os passos dos que antes juravam nunca dividir nem calçada?
Se os eleitores se sentirão traídos ou apenas confusos, ainda veremos. Mas uma coisa é certa: no baile da política, a música pode mudar a qualquer momento — e João Campos parece estar tocando o fole.
PE Notícia
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