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O decreto, que pode ter sido feito depois do fim das eleições, deveria apurar o abuso de poder | Foto: Foto: Geraldo Magela/Agência Senado |
O delegado da Polícia Federal (PF) Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, classificou uma suposta minuta “golpista”, que foi encontrada em sua própria casa, como “fantasiosa” e “apócrifa”.
Em 12 de janeiro deste ano, a PF encontrou na casa de Torres uma proposta de decreto para instaurar um “Estado de Defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O documento, que deveria ser entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro, tinha o intuito de convocar o Congresso para discutir a implantação do “Estado de Defesa” após sucessivas medidas que foram encaradas como abuso de autoridade.
Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, nesta terça-feira, 8, o delegado negou a autoria do texto e disse que o documento vai para a “coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos”.
“Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro”, explicou Anderson Torres. “Em razão da sobrecarga de trabalho, eu normalmente levava pasta de documentos para casa. Os documentos importantes eram despachados e retornavam ao Ministério, sendo os demais descartados. Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe. Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira
aberração jurídica.”
A proposta foi encontrada no armário de Torres, durante busca e apreensão realizada pela polícia. A operação ocorreu a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que, na época, também determinou a prisão do ex-secretário.
O decreto, que pode ter sido feito depois do fim das eleições, deveria apurar o abuso de poder, a suspeição e as medidas ilegais adotadas pela presidência do TSE antes, durante e depois do pleito. O documento cita o restabelecimento imediato da lisura e da correção das eleições de 2022.
“Esse papel não foi para o lixo, por mero descuido”, continuou o ex-ministro. “Não sei quem entregou este documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém. Soube pela imprensa que outras pessoas haviam recebido documentos com teor semelhante e que estes circulavam pela internet.”
Oeste
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