O cenário político de Pernambuco ganhou novos contornos após a divulgação de uma pesquisa do Instituto Seta Inteligência, realizada entre os dias 8 e 11 de maio de 2025, com 2.500 eleitores de todas as regiões do estado. O levantamento revela uma queda significativa na popularidade do prefeito do Recife, João Campos (PSB), enquanto a governadora Raquel Lyra (PSD) aparece em trajetória de crescimento, reduzindo a diferença de intenções de voto para apenas dois pontos percentuais — dentro da margem de erro de 2,2 pontos.
Segundo a pesquisa, registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número PE-09256/2025, João Campos caiu de 44% para 40% nas intenções de voto, enquanto Raquel Lyra subiu de 36% para 38%, configurando um empate técnico. A diferença entre os dois, que era de 26 pontos em dezembro passado, praticamente desapareceu.
A queda de Campos coincide com uma série de crises e escândalos que atingiram sua gestão nos últimos meses. O mais recente foi apontado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), que identificou um superfaturamento de R$ 646,6 mil na compra de livros didáticos para professores da rede municipal. Pouco tempo antes, outro relatório do TCE revelou um suposto superfaturamento de R$ 7,8 milhões em uma obra da Prefeitura do Recife relacionada ao Hospital da Criança, que foi destaque na propaganda eleitoral do prefeito.
Além das denúncias, Campos enfrenta forte desgaste político por conta da greve dos professores da rede municipal, que já afeta cerca de 100 mil alunos. O movimento foi motivado pela recusa da prefeitura em pagar o Piso Nacional do Magistério, gerando protestos nas ruas e ações como uma projeção luminosa na Avenida Conde da Boa Vista. A situação se agravou com a adesão de outras categorias, como os enfermeiros, que também estão em greve desde 8 de maio. Na Câmara de Vereadores, os profissionais da saúde não encontraram nenhum parlamentar presente durante um protesto nesta terça-feira (13), aumentando a sensação de descaso com os servidores públicos.
Diante desse cenário conturbado, Raquel Lyra tem aproveitado o momento para consolidar sua imagem. Com uma agenda descentralizada e propositiva, a governadora tem investido em infraestrutura, segurança hídrica e ações no interior do estado. Sua aprovação popular subiu 12 pontos percentuais nos últimos meses, de acordo com a série histórica do instituto.
Para analistas políticos ouvidos pelo Instituto Seta, o acúmulo de escândalos e a condução das crises têm reforçado a percepção de que João Campos é um gestor “pouco aberto ao diálogo”, o que vem prejudicando seu desempenho político.
Com a disputa pelo Governo de Pernambuco em 2026 se aproximando, o cenário indica uma possível polarização entre Raquel Lyra e João Campos. No entanto, os números mostram que o favoritismo do prefeito recifense já não é mais uma certeza — e a governadora surge como uma adversária cada vez mais competitiva.
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